Sua característica física poderá definir sua posição dentro do Campo de Futebol. Não sabe sinceramente qual é a melhor posição para você? Bem, eu tive exatamente o mesmo problema quando comecei a jogar futebol passando por zagueiro, volante e atacante, e você também pode ter o mesmo problema. Decidi ser goleiro por fim. Se você trabalhar duro para isso, você pode até se tornar até um profissional! Neste artigo procuro trazer de maneira bem clara as caracterísiticas específicas de cada posição no futebol considerando aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos de forma bem sucinta desenvolvendo a capacidade de se conhecer melhor dentro do Futebol considerando em sua totalidade suas características individuais. Tais características, diga-se de passagem, precisará de uma atenção específica por parte do treinador e por parte sua também, pois dependendo das suas condições físicas até o seu treinamento também será específico, ou seja, para cada posição no futebol existe um treinamento específico. Cunha (2005).
Identidade
Para ajudar você a identificar seus pontos fortes e pontos fracos, aqui estão alguns exemplos:
Goleiro - Boa coordenação motora, tempo de resposta, capacidade de segurar bolas fortes, não ter medo de sofrer ferimentos leves e graves e ser alto.
Zagueiro - Forte, alto, bom posicionamento e senso de que não pode ir ao ataque.
Lateral - Não precisa ser alto, mas tem que ter uma condição física privilegiada, estar em boa forma, precisa de rapidez, e boa capacidade de tocar a bola.
Volante - Forte, precisa ter boa noção de cobertura e de marcação.
Meio - campista - Tem que ser muito bom em passes, gostar de se movimentar bastante. Não precisa saber chutar bem, porém é bom ter uma boa velocidade para puxar contra-ataques.
Atacante - Tem que chutar bem, ser ágil, saber dominar a bola, e saber girar sobre o zagueiro. É bom saber driblar, porém não é totalmente necessário.
Características especificas em diferentes posições no futebol
Para Cunha (2005) o futebol é uma das modalidades esportivas que apresenta a maior dificuldade para a sua caracterização com relação ao esforço físico requerido apresentando características particulares em cada movimento.
O futebol é um jogo extremamente complexo do ponto de vista fisiológico, com ações específicas que evidenciam um tipo específico de esforço de grande diversidade e que, em termos metabólicos, utiliza-se de fontes energéticas claramente distintas. Então o jogador de futebol, dada à natureza intermitente do seu esforço e ampla faixa de intensidades que o caracteriza, tende privilegiar no seu treino aspectos tão distintos como o desenvolvimento da força explosiva, da velocidade, da resistência anaeróbia e da resistência aeróbia (SANTOS; SOARES, 2001).
Para Barbanti (1996) o futebol é uma modalidade esportiva intermitente, com constantes mudanças de atividades, além das mudanças entre repouso e períodos de baixa e alta intensidade, variam com a forma individual de jogar; esta se encontra intimamente ligada com a posição do jogador em campo. A imprevisibilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que os atletas estejam preparados para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais eficiente possível.
Existem características fisiológicas especificas para o futebol; as posições também apresentam características e demandas fisiológicas diferenciadas que variam com a taxa de trabalho de cada posição (BARBANTI, 1996).
De acordo com Barros Neto (2002) não há apenas um modelo de desempenho atlético que sirva para descrever as ações em campo de típico jogador de futebol, mas sim vários modelos, com características bem distintas conforme a posição em que o esportista atua. A especificidade crescente das tarefas executadas em cada função do futebol moderno: atacantes, meio-de-campo com funções ofensivas, volantes com ações mais defensivas, lateral que cobre um dos lados do campo, zagueiro e goleiro, requer jogadores com qualidades físicas nitidamente diferentes.
Balikian et al (2002) relata que o deslocamento dos jogadores durante as partidas é determinado pelo sistema tático da equipe e posicionamento do jogador em campo, sugerindo que dependendo da função tática que exerce no time, cada jogador possui um nível de solicitação metabólica, que consequentemente gera adaptações diferenciadas nos processos de produção de energia.
Para Santos Filho (2002) as características próprias do futebol, apresentam um nível heterogêneo das capacidades físicas e da tipologia física de cada jogador variando conforme cada posição no jogo, como goleiros e os zagueiros que geralmente são mais altos do que os jogadores de outras posições.
Melo (1997) define que os atletas de futebol possuem características físicas especificas por posição.
Santos Filho (2002) define cada posição com características físicas, técnicas, táticas e psicológicas:
Quadros de Especificidades
Quadro 1. Dados referentes às características especificas dos goleiros.
Goleiros |
Características físicas: elasticidade, flexibilidade, resistência, equilíbrio, coordenação, velocidade de reação e agilidade. |
Características técnicas: visão panorâmica, firmeza, habilidade com a bola, caídas, rolamentos, recuperação e reposição de bola com as mãos e pés. |
Características táticas: posicionamento, comando, entrosamento com os companheiros, reposição de bola em tiros de meta ou com a bola em jogo. |
Características psicológicas: liderança, coragem, concentração, responsabilidade, atenção, determinação, tranqüilidade e confiança. |
Quadro 2. Dados referentes às características especificas dos laterais.
Laterais |
Características físicas: resistência, velocidade, coordenação e agilidade. |
Características técnicas: desarme antecipação, domínio de bola, domínio de espaços, precisão, nos passe e cruzamentos e recuperação. |
Características táticas: entrosamento com os companheiros, noção de cobertura e colocação. |
Características psicológicas: coragem, determinação, agressividade, iniciativa e o controle emocional. |
Quadro 3. Dados referentes às características especificas dos zagueiros.
Zagueiros |
Características físicas: resistência, força, coordenação, flexibilidade, impulsão e agilidade. |
Características técnicas: cabeceio, manejo de bola, antecipação, desarme e entrega de bola. |
Características táticas: entrosamento com os companheiros, sentido de cobertura e domínio de espaço. |
Características psicológicas: liderança, determinação, coragem, maturidade, tranqüilidade, controle emocional e decisão. |
Quadro 4. Dados referentes às características especificas dos meias.
Meias |
Características físicas: resistência aeróbia, força, coordenação, agilidade e velocidade de reação. |
Características técnicas: desarme antecipação, recuperação, habilidade com a bola, visão panorâmica e de profundidade, drible ofensivo, passe, sentido de penetração e de cobertura. |
Características táticas: entrosamento com os companheiros, visão de jogo, domínio de ataque e defesa, sentido de penetração e cobertura. |
Características psicológicas: combatividade, determinação, poder de decisão, coragem e persistência. |
Quadro 5. Dados referentes às características físicas especificas dos atacantes.
Atacantes |
Características físicas: força, resistência, impulsão, agilidade, coordenação e velocidade de reação. |
Características técnicas: manejo de bola, cabeceio, drible em profundidade, penetração, finalização e visão panorâmica. |
Características táticas: colocação, entrosamento com os companheiros, noções de impedimento e criação de espaços, movimentação e finalização. |
Características psicológicas: coragem, agressividade, personalidade, iniciativa, determinação e decisão. |
A Prova Corporal
Composição corporal nas diferentes posições do futebol
Quadro 6. Dados referentes às características de jogadores de diferentes posições
Posições | Estatura | MC | % Gord. | Massa gorda | Massa magra |
Goleiros | 1,88 m | 83,9 kg | 12,47 | 10,60 Kg | 74,18 |
Zagueiros | 1,83 m | 83,9 kg | 11,59 | 8,38 Kg | 69,07 |
Laterais | 1,75 m | 69,7 kg | 11,19 | 8,26 Kg | 62,41 |
Meias | 1,76 m | 70,8 kg | 11,53 | 8,05Kg | 62,41 |
Atacantes | 1,77 m | 72,5 kg | 11,47 | 8,14 Kg | 64,01 |
Explicações
Com a evolução natural da performance desportiva, todas as variáveis relacionadas aos atletas e a modalidade de alto rendimento passam a ser observadas como fatores condicionantes para a melhora do rendimento individual e coletivo.
Viana et al (1987) afirma que além das variáveis físicas, técnicas, táticas e psicológicas, as análises antropométricas também se tornam imprescindíveis para melhora do desempenho desportivo, classificando a antropometria como o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição e maturação do corpo humano.
Rocha (1995) de forma simples define composição corporal, como a divisão do corpo em componentes que o constitui.
Anjos (1992) relata que há pelo menos duas décadas surgiu como forma de interrelacionar à estatura em metros e o peso em quilogramas o termo índice de massa corporal (IMC), sendo este parâmetro o de melhor correlação entre estatura e massa corporal.
Atualmente a composição corporal vem sendo analisada através de medidas antropométricas como estatura, massa corporal, dobras cutâneas, diâmetros e perímetro, dados estes que são utilizados para prescrição de treinamentos e para avaliação e identificação de características especificas relacionadas a determinados indivíduos e suas praticas desportivas (FONSECA ET AL, 2004).
Cyrino et al (2002) propõe que a prescrição de programas de treinamento para atletas de jogos coletivos e principalmente o futebol, requer o conhecimento sobre a especificidade de cada um deles. Dessa forma os dados sobre a composição corporal são imprescindíveis para caracterização das exigências especificas de cada atleta, para que através do treinamento especifico se potencialize o desempenho final.
As exigências e estímulos físicos específicos podem resultar em diferentes adaptações no que se diz respeito à composição corporal, nesse sentido Prado et al (2006) sugere que as ações, assim como o gasto energético são variáveis de acordo com as posições dos jogadores em campo e padrões táticos da equipe, com isso a intensidade e sobrecarga impostas aos atletas são de diferentes níveis, resultando em adaptações fisiológicas distintas, assim como na composição corporal.
Peres (1996) acrescenta que no futebol as exigências físicas que ocorrem durante as partidas, e as características morfológicas de cada jogador são especificas e diferenciadas em relação às suas posições e funções em campo. A manutenção e avaliação da composição corporal se faz essencial para o sucesso de uma equipe não em apenas um jogo, mas por toda temporada.
Estudos realizados por Fonseca et al (2004) mostram diferenças nas características antropométricas e na composição corporal de jogadores que atuam em distintas posições no futebol.
Quando avaliadas as estaturas o grupo de zagueiros alcançou a maior media com 1,82 metros, seguidos pelos atacantes 1,76 metros, laterais 1,74 metros, e meio-campistas 1,72 metros.
Na avaliação de massa corporal os zagueiros obtiveram valores de 80,2 kg, os laterais, meio-campistas e atacantes obtiveram médias mais baixas com valores respectivos de 70,1 kg, 69,1 kg, 69,1 Kg.
Ao analisar o somatório de dobras cutâneas Fonseca et al (2004) observou que os laterais atingiram médias de 74,8 muito abaixo dos demais grupos, zagueiros (91, 6), meio-campistas (89,4) e atacantes (83,7). Na análise do peso hidrostático os laterais atingiram 4,058 Kg, enquanto os zagueiros alcançaram 4,674 kg, os meio-campista 4,140Kg, e os atacantes 4,260Kg.
No mesmo estudo foram analisados perímetros de tórax, em que o grupo de zagueiros apresenta média de 93,2 cm, as demais posições não apresentaram diferenças significativas ficando com médias em torno de 90,5 cm. Semelhantemente quando observados os valores médio das medidas do perímetro de antebraço todos os grupos de jogadores obtiveram cerca de 26,3 cm, exceto o grupo de zagueiros alcançando 28,4 cm.
Em pesquisa direcionada para as distintas características desenvolvidas por jogadores de diferentes posições, mediante a evolução tática do futebol Prado et al (2006) obtêm valores relacionados aos dados antropométricos e de composição corporal:
Conclusão
Com base nos dados pesquisados podemos concluir que jogadores de futebol de variadas posições e funções em campo, possuem diferentes características físicas, além de apresentarem níveis de condicionamento distintos em capacidade aeróbia e composição corporal interferindo assim no su posicionamento dentro de campo.
Tais diferenças são possivelmente decorrentes das exigências de cada função, e dos estímulos e sobrecargas sofridos durante os jogos, treinamentos e vida esportiva, tendo em vista que as características dos jogadores estão intimamente ligadas à suas ações em campo.
Embora as pesquisas no futebol, como preparação física, tática e técnica no futebol venha evoluindo cada vez mais, acredita-se que este trabalho pode motivar as pesquisas e a aplicação de treinamentos específicos para jogadores de cada posição no futebol, levando em consideração suas funções durante os jogos, buscando então um maior aperfeiçoamento físico, psicológico, técnico e tático para o aumento do rendimento “performance” de cada atleta, cada setor do campo e posicionamento de cada equipe.
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